quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Diario de viagem 15.01.10

Com as folhas de meu caderno se desfazendo deixo marcado aqui meu alívio. Depois de quase duas horas esperando no frio da humilde estação rodoviaria de Aachen meu ônibus, finalmente, chegou.
São 22:25 e estamos agora parados em algum lugar de língua francesa, não sei se ainda é Belgica ou França.
A estrada é ótima, toda iluminada por luzes alaranjadas - uma sensação de viagem futurística...
Permaneço em um estado de vazio. Todo meu corpo fica atento diante das coisas que acontecem ao meu redor. Tento, sem muito sucesso, me desligar um pouco dos detalhes e pensar nos projetos que tenho por fazer. Não adianta, fico absorvendo cada fala estrangeira, olhando cada reflexo das luzes noturnas que passeiam pelo reflexo da minha janela, sentindo o balançar do ônibus tentando medir o tamanho de cada imperfeição da pista, sentindo também os cheiros que as pessoas trazem ao passar pelo estreito corredor, olhando as placas, a paisagem. (...)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Aachen.

Foi aquela tranquilidade de ver minha pegada na neve. A cidade debaixo da fofa camada branca se apresenta alegre ; estou em Aachen, na Alemanha. Dessa vez não estou num albergue, solitário em quartos de 20 camas com seus 20 cheiros, 20 línguas, 20 diferentes horários e 20 destinos. A casa de meu tio se mostra um lugar agradável para repolsar minhas inquietações e meu olhar estrangeiro para uma cidade tão admirável.

Sigo as ruas sem me preocupar com nada. Tento, talvez, marcar, a cada nova esquina, pontos de referência para me localizar quando me perder. Na minha frente um menino anda lentamente, resolvo segui-lo; o frio pararece não apresar as pessoas daqui, o menino de casaco preto e andar adolescêntico para no sinal de pedestre, nenhum carro vem, do outro lado pessoas encasacadas esperam tranquilas o verde boneco andante. Todos se cruzam e eu sigo na TheatreStraße – mantenho uma distância de 4 metros do menino até ele virar repentinamente e entrar na portaria de seu prédio. As ruas no centro estão sempre cheias, as lojas com calefação são um convite para entrar e estando dentro de uma é difícil não sair com uma sacola na mão. Outro dia mesmo me vi com um doce típico alemão que, inclusive o nome já indica sua naturalidade, Berlinder.

Outro dia, ontem, meu dedo no mapa indicava a Wilhelmstr., uma rua próxima a estação ferroviária. Nela há um museu. Em sua fachada havia um cartaz de uma exposição que me chamou a atenção, entrei. Roger Miles, fotógrafo alemão que se dedicou registrar a Alemanha nas décadas de 70 e 80 – olhava com calma cada foto, tentando entender qual teria sido a relação do fotógrafo com cada espaço e elementos ali fixados. Um casal de alemães discursavam minutos a cada nova foto que viam, fiquei curioso para saber sobre o que tanto falavam – de entender e querer compartilhar um pouco da história e suas experiências que cada foto os lembravam.

Sinto que estou em uma outra viagem ou, para ser menos radical nisso que disse, em uma outra sintonia de viagem que nunca tinha experimentado antes. O filme Paris, Texas não sai de minha cabeça; essa temática da viagem em busca da uma identidade me é forte. Enfim, me resta daqui a pouco me por novamente na dinâmica da viagem que vinha tendo…em poucos dias será Aachen, Paris.