Nunca tive uma despedida efetiva antes. No máximo um pequeno adeus e até daqui a 2 meses. Ao chegar atrasado no aeroporto não pude dar o abraço e beijo que queria sem ser perturbado pelo alerta do funcionário. Como não era nenhum expert, não sabia até que momento ia durar o aperto no coração; que aliás volta agora ao escrever.
Tudo passou como flashes. A chegada no aeroporto. O encontro com a Fernanda. O check-in. O encontro com os amigos. Os choros. Os quase choros. Os parabéns e os consolos. É duro abandonar, mesmo sabendo que vou voltar e que vão me visitar. Na fila depois da entrada do portão para o controle de passaporte era só eu. Olhava pra trás e a parede não era transparente. Não senti vergonha de chorar sozinho. Naquele momento não queria mudar, quase desisti e pulei a barreira de proteção, só de pensar no desconhecido. Quase mesmo.
Em flashes ainda os avisos dos funcionários lá dentro avisando que eu poderia perder o avião. No fundo eu não ligava. Talvez fosse o que eu quisesse. Ainda assim passei, corri, sorri para a senhora que ultrapassei e pediu que eu avisasse para esperarem por ela e pensei na frase incrível vinda de uma pessoa incrível: “Now I get into the wild”. Nem tão selvagem, é verdade.
No avião ainda não estava totalmente recuperado. Não sabia que uma despedida durava tanto assim. O assento não correspondia ao check-in feito em casa, mas pouco importava. Senti falta dos amigos nos assentos ao lado como nas outras viagens. Um boa noite não correspondido para a pessoa ao lado me fez ficar ainda mais indiferente. Ela que ature meu chulé então. Tiro o tênis. Sem chulé. Durmo e acordo algumas vezes. Algumas desesperado. Algumas tranquilo. Devo estar entrando para o guiness das despedidas. Mesma sensação que na fila de controle de passaporte. Só que a barreira agora é a janela.
Uma janta decente. Uma dormida mais longa. E o acendimento das luzes seguido pela abertura da cortina da janela da mulher inconveniente ao lado. Espanhola, depois fui descobrir. Mais intenso era o sol da manhã na minha cara que a luz interna.
A saída do aeroporto foi tranquila. Europa. Quis filmar a saída do avião até a entrada dos Barajas para deixar gravado a sensação de passar pelo mesmo lugar em uma situação diferente. Mas, como meu pai já adivinhou, a bateria da câmera estava descarregada. Rio aqui sozinho sentado no aeroporto de Madri. Wi-fi só paga. Espero que os franceses sejam menos pão-duros.
Não foi duro deixar o Rio. Fiquei pensando na minha última passada pela Lagoa, últimos dias na minha cidade e nada disso me comoveu. As pessoas sim. A primeira garota de quem realmente gostei e amei. O pai no dia dos pais. A mãe coruja. O irmão que resolveu me beijar. O grande amigo desde os três anos que quase chorava mas falava. O grande amigo desde os quinze que quase chorava e não falava. O grande amigo desde a oitava, mais ao fundo. O grande amigo do clube, desde os três, sempre sensato. E eu nesse meio.
Bem, eu volto em até dois anos. O que me tranquilizou até aqui foi a certeza de que aquele sentimento ali. Aquilo não muda, muito menos em dois anos.
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Edy, vc eh formidãvel! Eu me surpreendo cada vez mais com seus depoimentos. Vc não eh de falar mto mas escreve q eh uma beleza!!! Te AMOOOO!!! Mami
ResponderExcluirNo dia dos pais quem ganhou presente fui eu. O dia que eu queria que não chegasse, chegou e isso foi tão difícil pra mim...quando enfrentei o "boa viagem, se cuida" e me vi saindo do aeroporto, ele estava lá de braços abertos, pronto pra me dar o abraço que eu precisava naquele momento...e foi tão bom...
ResponderExcluirMorro de saudades de vc, gatinho, mas saber que vc está bem e feliz com sua nova rotina me deixa mais tranquila...
Se cuida !
Vc sabe... ;)
beijos !
Sempre senta uma mala por perto nessas viagens longas.
ResponderExcluirno que voce entrou na area de embarque eu passei por sua familia, o joao e o ze...haha...abracos mlk e boas experiencias
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