segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ersten Woche


Passadas a primeira e segunda semanas da minha estada aqui em Munique eu tenho a impressão que a primeira impressão não é a que fica.

Minha chegada foi relativamente tranquila, sem grandes emoções. No primeiro dia fui direto para o apartamento do Klaus e Katha, onde fiquei por uma semana. Bem tranquilo de chegar pelo transporte público. Ao tocar a campainha a porta se abriu sem ninguém perguntar nada e depois de uma leve subida de escadas com uma mala, um mochilão e uma mochilinha pesada, me deparei com uma porta entreaberta, alma viva... Saí entrando e finalmente um primeiro contato humano me veio à vista; esse aparentemente afeminado Klaus (que depois eu vim a perceber pela simples obviedade da natureza que era a companheira de apartamento dele) me recebeu na porta e me mostrou o a casa e o apartamento da ausente-por-uma-semana Katha.

Algumas horas depois, após uma pizzazinha noturna (depois das 8 da noite quase tudo fecha por aqui) conheci Klaus e seu amigo Félix e assistimos um jogo da Euro copa. Ambos bem simpáticos mas o meu jetlag era tamanho que fui dormir logo depois do término do jogo, afinal de contas o dia seguinte era importante: tinha que estar na B&O à 1h da tarde para ser apresentado ao pessoal e conhecer a empresa.

Ainda que com o relógio biológico perturbado da viagem, acordei na hora certa (não tinha muita opção...) e percorri o caminho subterrâneo que percorreria pelas semanas seguintes. Logo me veio as lembranças e impressões que tive de Munique quando aqui estive 3 anos atrás. Nada de catraca nem portinha para entrar no metrô, mas apenas uma entrada livre para todos. Uma tentação para o malandrão que quer pegar o metro sem pagar.  Até um rato apareceu para me dar as boas vindas à S-Bahn dessa limpa cidade de Munique; felizmente consegui tirar minha garrafa de Coca a tempo, mesmo com toda a lentidão para me dar conta que era realmente um rato ali chegando perto!

A empresa fica em uma casa do lado de uma mansão de algum artista milionário alemão e também não muito longe da empresa Linde que ocupa uma grande porção deste centro empresarial em Pullach. Não somente o lugar é agradável como as pessoas foram bastante simpáticas e bacanas comigo, uma grande vantagem de se trabalhar em um escritório pequeno (aprox. 60 pessoas no total e 10 na minha área). Meu chefe, com seus 2,10m de altura, logo me cumprimentou assim como os outros futuros colegas de trabalho. Perguntas clássicas como: “O que te fez sair do Rio para vir par cá?” ou “Não esperava que você fosse tão branco para um brasileiro...” também me foram feitas.

A primeira semana passou relativamente rápido pois estive ocupado com a busca de apartamento, burocracias básicas (conta no banco, registro de habitação, etc.), passeio por Munique sob uma chuvinha (in)esperada de 15 graus e, barzinhos, enfim, uma leve introdução ao que será a minha cidade por um tempo.  No final das contas consegui arranjar um apartamento com uma coreana bizarra numa espécie de flat/hotel que acaba saindo não muito caro por um período de 1 mês. Esta moça, que tem a capacidade de ser um pé no saco com pequenos detalhes (maneira de fechar a porta, posição da panela no armário de louças, interdição de ligar o forno no verão pois senão a temperatura da cozinha fica insuportável mesmo apesar do isolamento térmico através de um vidro triplo, entre diversos outros) e bem flexível em relação a outros (como p.ex. chegar tarde em casa), vai ser a minha flat-mate esse mês e, não tem outro jeito, vou ter que conviver. Cada conversa com ela leva no mínimo meia hora devido ao seu incrível fluxo de 10 palavras por minuto em inglês. No final das contas sempre prefiro não discutir por qualquer detalhe que seja pois sei que perderei mais um precioso tempo do meu dia. Neste momento, ao que tudo indica, devo me mudar para a casa onde estive durante a primeira semana, ainda que o proprietário aparente ser um cara no mínimo bastante estranho. Inicialmente estive interessado no quarto de uma garota que vai deixa-lo definitivamente no meio de Julho, mas após termos trocado alguns e-mails com o dito proprietário, vi que as coisas não iam ser tão fáceis assim. Ele já veio me dizendo que teve problemas com brasileiros, que eu não sabia quanto tempo eu ia ficar aqui pois acabei de chegar entre outras besteiras mais. Sendo assim, ao que tudo indica, devo ficar no exato mesmo quarto que fiquei já que a Katha vai fazer um estágio no Brasil em Agosto. Vamos ver...

Enquanto isso, o clima da cidade só melhorou, com direito à topless às margens do rio Isaar e uma altinha de leve com o Klaus no gramado ali perto. No entanto ainda estou à procura de um futebol ou basquete, o que não parece ser uma tarefa tão fácil aqui, já que os esportes preferidos são mountain-biking, speed-hiking, jogging e esqui... No trabalho a equipe é muito alto nível e sinto que vou aprender bastante nessa parte de eletrônica do áudio.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Wilkommen - Um rascunho prévio


Com as viagens o blog revive. Agora nessa nova etapa da minha vida, passo por algo parecido e ao mesmo tempo totalmente diferente do que passei há três anos. Um novo tipo de angústia e de ansiedade. Desta vez não são dois anos, desta vez não são os estudos, e mais uma vez, não sei qual vai ser o resultado da aventura.

É fácil dizer que “se tudo der errado, eu volto”. Eu mesmo ficava me dizendo isso nos meus pensamentos, mesmo sabendo que não é assim tão simples. É o início de uma carreira profissional internacional em jogo. Às vezes tenho certeza que é isso que eu quero pelo menos nesse momento e, no minuto seguinte, já não tenho a menor ideia. Tento viver cada passo por vez e enfrentar os problemas aos poucos pois sei que se pensar em todos os cenários possíveis vou acabar por ficar totalmente imerso nessa ansiedade incontrolável.

Não lembro ao certo de como me senti da outra vez, mas agora não tenho muito controle do momento seguinte. Pode ser porque ainda estou no aeroporto nesse clima de incerteza do que vai acontecer e assim que tudo se acertar, pode ser que essa situação melhore. É difícil viajar sozinho a trabalho mas espero que seja tão recompensador quanto a outra experiência de duplo diploma. Enfim, penso que é justamente por isso que vale a pena focar um pouco mais o enredo do texto para a realidade.

Neste momento estou no aeroporto de Frankfurt aguardando a minha conexão para Munique dentro de 20 minutos. Devo chegar lá, pegar o S-Bahn e me encontrar com Klaus, um cara que eu não conheço, amigo de uma amiga que eu também não conheço. Se tudo der certo, terei um teto esta noite. Pelo menos é “verão” na Alemanha. Amanhã já devo passar na B&O para acertar os detalhes dessa minha nova empreitada aqui. Provavelmente começarei a trabalhar na semana que vem, ao mesmo tempo que mudarei de apartamento.  Ainda não sei se procurarei um apartamento só para mim ou um compartilhado mais barato. Provavelmente ficarei com a primeira opção, algo um pouco mais desvencilhado da vida de estudante em república.