Passadas a primeira e segunda
semanas da minha estada aqui em Munique eu tenho a impressão que a primeira
impressão não é a que fica.
Minha chegada foi relativamente
tranquila, sem grandes emoções. No primeiro dia fui direto para o apartamento
do Klaus e Katha, onde fiquei por uma semana. Bem tranquilo de chegar pelo
transporte público. Ao tocar a campainha a porta se abriu sem ninguém perguntar
nada e depois de uma leve subida de escadas com uma mala, um mochilão e uma
mochilinha pesada, me deparei com uma porta entreaberta, alma viva... Saí
entrando e finalmente um primeiro contato humano me veio à vista; esse
aparentemente afeminado Klaus (que depois eu vim a perceber pela simples
obviedade da natureza que era a companheira de apartamento dele) me recebeu na
porta e me mostrou o a casa e o apartamento da ausente-por-uma-semana Katha.
Algumas horas depois, após uma
pizzazinha noturna (depois das 8 da noite quase tudo fecha por aqui) conheci
Klaus e seu amigo Félix e assistimos um jogo da Euro copa. Ambos bem simpáticos
mas o meu jetlag era tamanho que fui dormir logo depois do término do jogo,
afinal de contas o dia seguinte era importante: tinha que estar na B&O à 1h
da tarde para ser apresentado ao pessoal e conhecer a empresa.
Ainda que com o relógio biológico
perturbado da viagem, acordei na hora certa (não tinha muita opção...) e
percorri o caminho subterrâneo que percorreria pelas semanas seguintes. Logo me
veio as lembranças e impressões que tive de Munique quando aqui estive 3 anos
atrás. Nada de catraca nem portinha para entrar no metrô, mas apenas uma
entrada livre para todos. Uma tentação para o malandrão que quer pegar o metro
sem pagar. Até um rato apareceu para me
dar as boas vindas à S-Bahn dessa limpa cidade de Munique; felizmente consegui
tirar minha garrafa de Coca a tempo, mesmo com toda a lentidão para me dar
conta que era realmente um rato ali chegando perto!
A empresa fica em uma casa do lado
de uma mansão de algum artista milionário alemão e também não muito longe da
empresa Linde que ocupa uma grande porção deste centro empresarial em Pullach.
Não somente o lugar é agradável como as pessoas foram bastante simpáticas e
bacanas comigo, uma grande vantagem de se trabalhar em um escritório pequeno (aprox.
60 pessoas no total e 10 na minha área). Meu chefe, com seus 2,10m de altura,
logo me cumprimentou assim como os outros futuros colegas de trabalho.
Perguntas clássicas como: “O que te fez sair do Rio para vir par cá?” ou “Não
esperava que você fosse tão branco para um brasileiro...” também me foram
feitas.
A primeira semana passou
relativamente rápido pois estive ocupado com a busca de apartamento,
burocracias básicas (conta no banco, registro de habitação, etc.), passeio por
Munique sob uma chuvinha (in)esperada de 15 graus e, barzinhos, enfim, uma leve
introdução ao que será a minha cidade por um tempo. No final das contas consegui arranjar um
apartamento com uma coreana bizarra numa espécie de flat/hotel que acaba saindo
não muito caro por um período de 1 mês. Esta moça, que tem a capacidade de ser
um pé no saco com pequenos detalhes (maneira de fechar a porta, posição da
panela no armário de louças, interdição de ligar o forno no verão pois senão a
temperatura da cozinha fica insuportável mesmo apesar do isolamento térmico através
de um vidro triplo, entre diversos outros) e bem flexível em relação a outros
(como p.ex. chegar tarde em casa), vai ser a minha flat-mate esse mês e, não
tem outro jeito, vou ter que conviver. Cada conversa com ela leva no mínimo
meia hora devido ao seu incrível fluxo de 10 palavras por minuto em inglês. No
final das contas sempre prefiro não discutir por qualquer detalhe que seja pois
sei que perderei mais um precioso tempo do meu dia. Neste momento, ao que tudo
indica, devo me mudar para a casa onde estive durante a primeira semana, ainda
que o proprietário aparente ser um cara no mínimo bastante estranho.
Inicialmente estive interessado no quarto de uma garota que vai deixa-lo
definitivamente no meio de Julho, mas após termos trocado alguns e-mails com o
dito proprietário, vi que as coisas não iam ser tão fáceis assim. Ele já veio
me dizendo que teve problemas com brasileiros, que eu não sabia quanto tempo eu
ia ficar aqui pois acabei de chegar entre outras besteiras mais. Sendo assim,
ao que tudo indica, devo ficar no exato mesmo quarto que fiquei já que a Katha
vai fazer um estágio no Brasil em Agosto. Vamos ver...
Enquanto isso, o clima da cidade só
melhorou, com direito à topless às margens do rio Isaar e uma altinha de leve com
o Klaus no gramado ali perto. No entanto ainda estou à procura de um futebol ou
basquete, o que não parece ser uma tarefa tão fácil aqui, já que os esportes
preferidos são mountain-biking, speed-hiking, jogging e esqui... No trabalho a
equipe é muito alto nível e sinto que vou aprender bastante nessa parte de eletrônica
do áudio.