segunda-feira, 24 de agosto de 2009

um dia qualquer.

São 7:53 da manhã de uma segunda-feira qualquer. Em uma sala, qualquer, de uma universidade, a voz do professor adentra de forma involuntária meu aparelho auditivo. Qualquer dia desses mato essa aula! 7:55. O assunto da aula é desinteressante: espaços comunitários. Penso no peixe de espécie qualquer que comi ontem na minha nova cozinha. De lá, mastigando receosamente com medo que uma espinha adentrasse meu céu da boca, ouvia o som de uma partida de futebol. Qualquer que fosse o resultado não afetaria minha rasa espiritualidade futebolística. 8:05. O professor diz: ''...não se pode passar duas vezes no mesmo rio...'', mas um dia qualquer e igual a outro dia qualquer? Se classificarmos a palavra 'qualquer' dentro de uma conjunto de palavras ' quaisquer' fica a cargo do leitor definir seu real sentido. 8:56. Ao lado do Fastway observo o caótico formigueiro humando se esquivando das estreitas estruturas de madeira das tendas montadas para a infernal MostraPuc. 9:26. Caótico também é o trânsito que se forma para entra na faculdade. Os carros buzinam com a esperança que todo o estardalhaço afugente os carros estacionados dos corajosos alunos que se levantaram mais cedo nessa manhã fria. 9:58. Meus sucos gástricos começam a atuar na digestão do meu insólito café-da-manhã. Penso nos alunos que agora, infelizmente, assistem a aula que tivera horas antes. Penso, também, naquela menina de verde que ainda deve estar sentada em seu carro esperando para pagar, posteriormente, cinco reais do estacionamento. Penso em quantas pessoas devem estar lendo, no momento, o tablóide gratuito chamado Destak. 13:23. Passo a língua entre meus dentes, limpando o resto de comida do meu almoço. As horas que se passaram foram repletas de sonhos e a cada acordada tentava remontar em minha cabeça os mínimos detalhes do que vira e vivera. Fico agora no computador e digito mensagens instantâneas para pessoas que não vejo há anos. 15:49. Investigando com os olhos uma tragédia grega - Édipo em Colono. Ao meu lado está um pote vazio de Häagen-Dazs (Belgian Chocolat) comido em rápidos segundos. Olho agora o gato branco que se encontra em minha janela miando carinhosamente como se essa ação fosse um código para se entrar em meu quarto. Me vem agora a mente artistas, distantes de minha época, engajados na busca de uma paz. Rubens. Delacroix. 19:26. Estou ainda em casa enquanto deveria estar entrando pela porta pesada de vidro do meu curso no Leblon. Let's go. 20:57. O professor com o tom mal-humorado libera a turma. Todos saem rapidamente portando seus respectivos celulares em mãos. Inclusive eu. 21:53. Observo sentado os veteranos jogadores fora de forma. A quadra que daqui alguns minutos irei jogar é de sinteco, no qual alguns saem pelos longos anos de descuido. 23:46. Meu olho arde com o suor que escore diretamente. Feliz pelas partidas ganhas, triste por não ter um copo d'água. 00:44. Espero a água do chuveiro esquentar, comer algo e deitar no sofá e assistir o canal 51. 1:28. Escrevo minha ultima frase.

Um comentário:

  1. Hahaha você só podia ser amigo do Edgar mesmo... ;)

    mto bom o texto... =]

    beijos !

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